Hinos entoados por grandes artistas, juramentos sobre bíblias históricas e o simbolismo das vestimentas: as cerimônias de posse presidencial nos Estados Unidos são um espetáculo de tradições que reforçam a continuidade democrática. A posse de Donald Trump, marcada para a próxima segunda-feira (20) no Capitólio, promete manter parte dessas práticas, com algumas adaptações ao estilo do republicano.
Tradições Imutáveis
Entre os costumes que resistem ao tempo, destaca-se a presença de um artista de renome para cantar o hino nacional. Na posse de Joe Biden, em 2021, Lady Gaga emocionou a plateia com sua performance. Também é tradição que o juramento constitucional —único elemento obrigatório na cerimônia— seja conduzido pelo presidente da Suprema Corte, com o presidente eleito colocando a mão esquerda sobre uma bíblia.
Desde 1937, a data oficial para o evento é 20 de janeiro, exceto quando cai em um domingo, sendo transferida para o dia seguinte. Anteriormente, a posse ocorria em 4 de março, mas a mudança foi implementada com a aprovação da 20ª emenda, que refletiu o avanço na contagem dos votos.

Imagem: Agência Brasil
Presença Internacional e Diplomática
Ao contrário de outras nações, nos EUA, a presença de líderes estrangeiros tem papel secundário. A tradição é convidar embaixadores e representantes das missões diplomáticas em Washington. Contudo, Trump trouxe mudanças ao incluir líderes de ultradireita como Javier Milei, da Argentina, e Viktor Orbán, da Hungria. O convite ao presidente chinês Xi Jinping foi outro movimento inusitado, descrito por Karoline Leavitt, porta-voz de Trump, como uma tentativa de “abrir diálogo com nações não aliadas”.
Símbolos e Vestimentas
A estética também carrega mensagens políticas e históricas. Em 2021, Kamala Harris, Jill Biden e outras figuras democratas usaram tons de roxo e azul, remetendo ao sufrágio feminino e à união nacional, após a invasão do Capitólio semanas antes. Na posse de Trump, espera-se que os republicanos usem elementos visuais para reafirmar seu posicionamento, criando um contraste com o simbolismo de quatro anos atrás.
Transição de Poder
Embora nos Estados Unidos não exista a tradição de transferência física, como a passagem da faixa presidencial no Brasil, a presença dos presidentes em exercício e eleitos no evento simboliza a continuidade democrática. Em 2021, Trump quebrou essa tradição ao não comparecer à posse de Biden. Agora, espera-se que o democrata retribua o gesto de respeito institucional, mesmo após um período de forte polarização política.
Com a promessa de um evento que mistura tradição e personalização, a posse de Trump reflete as tensões e transformações políticas que moldam os Estados Unidos no cenário contemporâneo.