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Reino Unido aposta em cigarro eletrônico como estratégia para reduzir tabagismo, enquanto Brasil mantém proibição

Enquanto o Brasil mantém a proibição dos cigarros eletrônicos, o Reino Unido segue na direção oposta e aposta nos Dispositivos Eletrônicos para Fumar (DEFs) como ferramenta para reduzir o tabagismo. O governo britânico lançou em 2023 o programa “Swap to Stop” (Troque para Parar), que distribui kits gratuitos de vapes para fumantes nos postos de saúde, com o objetivo de incentivar a transição e, idealmente, a cessação total do consumo de nicotina.

O Serviço Nacional de Saúde britânico (NHS) defende que, embora os efeitos de longo prazo dos cigarros eletrônicos ainda sejam desconhecidos, os dispositivos representam um risco menor à saúde em comparação ao cigarro convencional. A estratégia visa atender tanto quem deseja parar de fumar quanto aqueles que não conseguem abandonar o hábito, oferecendo uma alternativa menos nociva.

No entanto, essa abordagem não é consenso na comunidade científica. No Brasil, a Anvisa reafirmou a proibição da fabricação, importação e comercialização dos cigarros eletrônicos, em vigor desde 2009, com o argumento de que não há evidências suficientes para garantir a segurança do produto.

Cigarro eletrônico: solução ou problema?

O debate sobre o uso de vapes é complexo e envolve interesses distintos. Além de divergências científicas, a indústria tabagista tem grande interesse na liberação do produto. No Brasil, empresas do setor fazem forte lobby no Executivo e no Legislativo para tentar derrubar a proibição.

No Reino Unido, a British American Tobacco (BAT) investiu 30 milhões de libras para transformar uma antiga fábrica de cigarros em um centro de pesquisa voltado ao desenvolvimento de “produtos sem fumaça”, incluindo vapes e nicotina saborizada.

Apesar do incentivo governamental à troca do cigarro pelo vape, estudos indicam que o processo de substituição nem sempre ocorre de forma linear. Um levantamento recente da University College London (UCL) mostrou que a proporção de pessoas que fumam tanto cigarro tradicional quanto eletrônico subiu de 3,5% para 5,2%. Além disso, o aumento do consumo entre jovens e não fumantes preocupa autoridades de saúde.

Diante desse cenário, o governo britânico anunciou o banimento dos vapes descartáveis, medida que entrará em vigor em junho de 2025. O objetivo é reduzir o acesso de crianças e adolescentes ao produto, além de mitigar o impacto ambiental causado pelo descarte inadequado desses dispositivos.

Imagem: Agência Brasil

Brasil mantém postura cautelosa

De acordo com a Pesquisa Nacional de Saúde de 2019, 12,6% da população brasileira é tabagista. Apesar da proibição dos cigarros eletrônicos, a Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar revelou uma alta taxa de experimentação entre adolescentes de 13 a 17 anos.

O médico Drauzio Varella já declarou que “é preciso ser muito ingênuo para acreditar que o cigarro eletrônico ajuda a parar de fumar”.

Pesquisadores, no entanto, argumentam que o Brasil ainda precisa de mais dados científicos antes de fechar a discussão.

O confronto entre redução de danos e riscos à saúde continua sendo o grande desafio na regulamentação dos cigarros eletrônicos ao redor do mundo. Enquanto o Reino Unido avança com sua estratégia de transição, o Brasil mantém uma postura de cautela, reforçando o veto como medida de proteção à saúde pública.

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