A alta da inflação e o aumento do custo de vida têm impactado o orçamento das famílias brasileiras, forçando mudanças de hábitos e cortes de gastos. Esse cenário tem levado muitas pessoas a repensarem suas despesas, como por exemplo, repensando sobre reduzir o uso do carro devido ao preço dos combustíveis, pesquisando mais antes de fazer compras e priorizando atividades gratuitas.
Essa realidade é compartilhada por muitas famílias no Brasil. A inflação elevada tem corroído a renda disponível, reduzindo o poder de compra e influenciando negativamente a confiança do consumidor.
O que pesa mais?
Em dezembro de 2024, um levantamento da consultoria Tendências mostrou que os preços dos itens essenciais pesaram mais no bolso em 2024, com uma inflação de 5,8%, superior aos 4,8% do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). O destaque negativo foi a alimentação no domicílio, que subiu 8,2% no ano.
“A inflação foi um grande fator de pressão, principalmente nos alimentos e combustíveis, tornando o orçamento das famílias ainda mais apertado”, explica a economista Isabela Tavares, da consultoria Tendências.
Perspectivas para 2025
Para este ano, a expectativa é de estabilidade, com uma leve desaceleração na inflação de alimentos, mas ainda com custos elevados em outras áreas. A previsão é que a inflação dos itens essenciais permaneça em 5,8%, mantendo a renda disponível das famílias em um patamar baixo.
O Impacto por Classe Social
A deterioração do orçamento é ainda mais evidente quando se analisa a renda disponível por classe social. Enquanto brasileiros da classe A (renda domiciliar de R$ 25,2 mil) conseguem manter uma folga de R$ 51,50 a cada R$ 100, os da classe D e E (renda domiciliar de R$ 3,4 mil) têm apenas R$ 20,60 sobrando.
“A população de menor renda precisa mudar seus hábitos de consumo e fazer escolhas cada vez mais restritivas para conseguir equilibrar o orçamento”, destaca Anna Carolina Gouveia, pesquisadora do Instituto Brasileiro de Economia da FGV.

Juros Altos e Pessimismo Econômico
Além da inflação, a alta dos juros tem sido um entrave para o orçamento familiar. Em janeiro, o Comitê de Política Monetária (Copom) elevou a taxa Selic para 13,25%, e há expectativa de novos aumentos em março, podendo encerrar o ano em 15%, segundo o relatório Focus, do Banco Central.
“O impacto dos juros elevados se reflete no endividamento e na capacidade de consumo das famílias. Para melhorar a confiança, será necessário um alívio na inflação e um mercado de trabalho mais estável”, conclui Anna Carolina.
Com preços pressionando o orçamento e juros altos dificultando o crédito, o cenário para 2025 ainda é de cautela, exigindo das famílias estratégias para equilibrar as contas e manter o essencial dentro do orçamento.