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Publicações que circulam nas redes sociais desde quarta-feira (22) têm espalhado desinformação ao insinuar que a presença de tanques e militares venezuelanos na região de fronteira em Pacaraima, Roraima, seria uma invasão ao território brasileiro.
Entre os comentários enganosos compartilhados estão frases como “Ué, pode invadir assim na boa?” e “Invasão terrestre das Forças Armadas da Venezuela”.
A verdade é que a Venezuela realizou o fechamento temporário da fronteira com o Brasil na cidade de Santa Elena de Uairén, próxima a Pacaraima, nos dias 22 e 23 de janeiro, para a realização de exercícios militares denominados Escudo Bolivariano. De acordo com informações da Agência Venezuelana de Notícias, a operação envolveu 150 mil militares e 250 veículos pesados, sendo parte de um treinamento que abrangeu diversas regiões do país.
Em vídeo divulgado no canal oficial do Exército Bolivariano no YouTube, Nelson Javier Boscan Pulgar, diretor de Educação da instituição, destacou que o objetivo do exercício era “aprimorar a capacidade operacional da Força Armada Nacional Bolivariana” e garantir “a defesa militar e a ordem interna”.
Na mesma data, em Caracas, o presidente Nicolás Maduro declarou que o Escudo Bolivariano 2025 era o primeiro exercício do ano, com o propósito de assegurar “a paz, a soberania, a liberdade e a verdadeira democracia” na Venezuela.

O Ministério das Relações Exteriores do Brasil, em nota publicada em seu site, informou que o fechamento da fronteira ocorreu “por decisão unilateral das autoridades venezuelanas” e foi justificado como parte de exercícios militares de rotina, adotados por questões de segurança.
Segundo o portal UOL, o Exército brasileiro estuda realizar um treinamento militar na fronteira como resposta às ameaças de Maduro em relação à Guiana, já que, estrategicamente, uma invasão ao país vizinho poderia passar pelo território brasileiro. No entanto, a execução dessa ação enfrenta dificuldades devido à falta de recursos.
O ponto da fronteira em Pacaraima já havia sido fechado temporariamente em 10 de janeiro deste ano, quando Maduro iniciou seu terceiro mandato. O trânsito foi reaberto três dias depois.
A reportagem da Folha tentou contato com a Prefeitura de Pacaraima, o Ministério da Defesa, o Itamaraty e o Exército venezuelano, mas não obteve respostas até o fechamento desta matéria.