A inclusão do general da reserva Estevam Theophilo na lista de denunciados pela Procuradoria-Geral da República (PGR) por envolvimento em uma suposta articulação golpista mobilizou integrantes do Alto Comando do Exército de 2022. Três generais afirmaram que oficiais de alta patente demonstraram disposição para defender Theophilo no Supremo Tribunal Federal (STF), inclusive prestando eventuais testemunhos caso ele se torne réu.

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Na última terça-feira (18), a PGR apresentou denúncia contra 34 pessoas, incluindo o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), por conspiração para um golpe de Estado. Dentre os denunciados, 23 são militares das Forças Armadas, sendo sete oficiais-generais e ex-comandantes. Além de Theophilo, estão na lista os ex-comandantes da Marinha, Almir Garnier, e do Exército, Paulo Sérgio Nogueira, além dos generais Augusto Heleno e Braga Netto.
Ex-integrantes do Alto Comando consideram que a acusação contra Theophilo baseia-se em conversas de terceiros, sem provas concretas de seu envolvimento na trama. Parte da delação do tenente-coronel Mauro Cid pode ser usada em sua defesa.
A PGR acusa Theophilo de ter aceitado “coordenar o emprego das forças terrestres” para impedir a posse do presidente Lula (PT). Na época, ele era chefe do Comando de Operações Terrestres, órgão que estabelece diretrizes para operações militares, sem possuir tropas sob seu comando.
A denúncia sustenta que Theophilo teria aceitado viabilizar a intervenção militar em uma reunião com Bolsonaro em 9 de dezembro de 2022. Como evidência, a PGR apresenta uma mensagem de Mauro Cid para o coronel Cleverson Magalhães, assessor de Theophilo, afirmando: “mas ele quer fazer… Desde que o Pr [presidente] assine”. Para a PGR, o texto comprova o compromisso do general com a ruptura institucional.
Por outro lado, em depoimento ao ministro Alexandre de Moraes, Mauro Cid declarou que Theophilo e outros generais apenas cumpririam ordens caso houvesse um respaldo formal do Alto Comando, sem intenção de romper a legalidade. Ele também mencionou que Theophilo não aceitaria assumir o Exército caso o comandante Freire Gomes fosse retirado do cargo.
Antes da denúncia, a defesa do general reuniu depoimentos escritos dos ex-comandantes do Exército Freire Gomes e Julio Cesar de Arruda, além do ex-chefe do Estado-Maior Fernando Soares. Freire Gomes declarou que Theophilo sempre esteve focado em atividades militares e se absteve de envolvimento político. Arruda descreveu o general como disciplinado, leal e honesto, enquanto Soares afirmou nunca ter presenciado manifestações ilegais por parte de Theophilo.
A Polícia Federal investiga se Theophilo teria elaborado um plano de intervenção militar à espera da assinatura de Bolsonaro em um decreto golpista, mas nenhuma evidência concreta desse planejamento foi encontrada. O general nega as acusações e assegura que sempre reportou suas interações com Bolsonaro ao comandante Freire Gomes. Até o momento, sua defesa não se manifestou publicamente.