O Fórum Econômico Mundial em Davos encerrou nesta sexta-feira (24) com um tom mais positivo do que o visto no início da semana. Embora tenha perdido parte de sua relevância histórica, o encontro continua reunindo líderes políticos, empresariais e intelectuais do mundo todo.
Confira as cinco principais conclusões dos debates realizados durante os cinco dias de evento:
1. Brasil fora do radar internacional
O Brasil foi pouco mencionado nos painéis e debates do Fórum de Davos, de acordo com executivos brasileiros presentes. “Sinceramente, ninguém fala do Brasil hoje em Davos. Não estamos no radar de ninguém”, afirmou David Vélez, CEO do Nubank.
A ausência do país nas discussões globais é atribuída, entre outros fatores, às preocupações com o cenário fiscal e a falta de confiança de investidores internacionais. O economista-chefe do Itaú Unibanco, Mário Mesquita, reforçou que o Brasil, embora ainda tenha atrativos como mercado e recursos naturais, perdeu destaque nas estratégias de multinacionais.
Outro ponto citado foi a presença limitada da delegação brasileira, que contou apenas com o ministro Alexandre Silveira (Minas e Energia) como representante oficial do governo. Sem grandes anúncios ou acordos concretos, o Brasil saiu do Fórum sem consolidar avanços significativos.
2. Empresários aprovam Trump, apesar das críticas de analistas
O ex-presidente dos EUA, Donald Trump, foi um tema recorrente nos debates. Analistas alertaram sobre os riscos de sua política econômica, como impactos inflacionários e problemas no mercado de trabalho, enquanto empresários demonstraram otimismo com promessas de desregulamentação e aceleração de processos.
O CEO da Coca-Cola, James Quincey, resumiu o sentimento: “Por que vou torcer contra [o novo governo]? Ainda é tudo muito hipotético, mas estou otimista”.
O discurso de Trump, no qual defendeu colaboração com a China e sinalizou possibilidades de acordos comerciais, foi bem recebido pelos participantes.
3. A transição energética é irreversível
Mesmo com críticas de líderes como Trump e Javier Milei à pauta ambiental, o consenso entre empresas e especialistas é de que a transição energética é inevitável. Grandes corporações reconhecem que o compromisso com sustentabilidade é essencial para a sobrevivência no longo prazo.
“A agenda ambiental veio para ficar. Haverá turbulências, mas o movimento em direção a uma economia mais eficiente e descarbonizada não vai retroceder”, afirmou Roberto Azevêdo, da Ambipar.
A energia nuclear também ganhou destaque como uma solução importante para a transição energética, atraindo apoio de nomes como Bill Gates e representantes governamentais.
4. O discurso monolítico está morto
Historicamente, o Fórum de Davos promove políticas econômicas liberais e causas sociais progressistas. No entanto, a diversidade de perspectivas ficou evidente este ano, com líderes como Milei desafiando essas pautas e recebendo apoio em alguns momentos.
A pluralidade de ideias também se refletiu nos debates sobre guerras culturais, onde temas como gênero, feminismo e ambientalismo dividiram opiniões.
5. Sem grandes crises no horizonte
Apesar de abordar questões urgentes como a guerra na Ucrânia, inflação global e mudanças climáticas, o Fórum de Davos não enfrentou nenhuma nova grande crise. A ausência de problemas avassaladores tornou as discussões mais fragmentadas, limitando a possibilidade de ações concretas.
Os debates, embora relevantes, refletem um momento de transição, onde as crises existentes já são conhecidas e as soluções demandam mais tempo e colaboração global.
O Fórum de Davos 2025 termina com reflexões importantes sobre os desafios e tendências globais, mas também destaca a necessidade de maior engajamento, especialmente de países como o Brasil, para ocupar espaço nas discussões internacionais.
