Imagem: Redes sociais O União Brasil de Camaçari deu início a um processo de reestruturação e planejamento estratégico após o resultado das últimas eleições municipais, que reconduziu Luiz Caetano (PT) ao cargo de prefeito depois de 12 anos. Diante desse cenário, o partido do ex-prefeito Elinaldo Araújo intensifica articulações para fortalecer sua base e construir um novo caminho político no município. Renovação e Novas Lideranças A principal aposta do partido para essa nova fase será a campanha “Renovação Pra Valer”, que tem como objetivo incentivar a participação de novas lideranças políticas e promover uma oxigenação dentro da legenda. O projeto busca atrair cidadãos engajados no desenvolvimento de Camaçari, incentivando a renovação política e trazendo novas ideias e contribuições. O tema foi discutido na última semana em uma reunião entre o presidente do União Brasil em Camaçari, Helder Almeida, e os vereadores Dudu do Povo, Jackson Josué, Herbinho e Maurício Qualidade. No encontro, foram definidas estratégias e diretrizes para o fortalecimento da legenda na cidade. “Vamos estimular e buscar novas lideranças dentro da comunidade. O União Brasil estará de portas abertas para aqueles que queiram participar da vida pública, contribuindo com sua experiência e recebendo formação política. A ideia não é substituir os quadros mais experientes, mas somar forças para oxigenar o partido e garantir um projeto sólido para Camaçari”, afirmou Helder Almeida. Planejamento para as Eleições de 2026 O União Brasil já trabalha de olho nas eleições de 2026 e aposta na candidatura de Elinaldo Araújo para deputado estadual. O ex-prefeito já manifestou interesse em disputar uma vaga na Assembleia Legislativa da Bahia. Para a Câmara dos Deputados, o partido terá duas frentes: Paulo Azi, que disputará a reeleição, e o deputado estadual Manuel Rocha, que entrará na corrida para substituir o pai, Zé Rocha, na vaga federal. Helder Almeida, que deve coordenar a campanha de Elinaldo Araújo em Camaçari e na Região Metropolitana, ressaltou que o partido segue focado em fortalecer sua presença no município, mantendo um projeto sólido e de longo prazo para a cidade.
Papa Francisco apresenta quadro clínico complexo e passará por ajustes no tratamento
O Vaticano informou nesta segunda-feira (17) que o estado de saúde do Papa Francisco, de 88 anos, evoluiu para um quadro clínico complexo, exigindo uma adaptação em seu tratamento e uma hospitalização prolongada. O pontífice argentino está internado desde a última sexta-feira (14) devido a uma infecção no trato respiratório. De acordo com Matteo Bruni, porta-voz da Santa Sé, os exames realizados nos últimos dias identificaram que Francisco está enfrentando uma infecção respiratória polimicrobiana, caracterizada pela presença de diferentes agentes infecciosos, como vírus, bactérias, fungos e parasitas. A gravidade do quadro impõe a necessidade de monitoramento contínuo e ajustes nos medicamentos administrados. Apesar da complexidade da infecção, o Vaticano informou que o Papa manteve algumas rotinas nesta segunda-feira, como a leitura de jornais e o café da manhã. Uma nova atualização sobre sua condição é esperada ao longo do dia. Compromissos oficiais e incerteza na agenda No domingo (16), Francisco deixou de presidir a tradicional oração do Angelus pela primeira vez, gerando preocupação entre os fiéis. O Vaticano confirmou o cancelamento de compromissos apenas para esta segunda-feira (17), incluindo uma visita aos estúdios de cinema Cinecittà, em Roma, onde se encontraria com artistas como parte das celebrações do Ano Santo da Igreja Católica. Ainda não há confirmação sobre sua participação na audiência geral da quarta-feira (19) e na ordenação de diáconos prevista para o próximo domingo. Embora esses eventos permaneçam no cronograma oficial, a presença do Papa parece incerta. Imagem: Redes sociais Histórico de saúde e preocupação médica O Papa Francisco foi internado no Hospital Gemelli, em Roma, na sexta-feira, após uma crise de bronquite agravada. Inicialmente descrito como estando em “condição razoável”, o pontífice recebeu recomendação de repouso absoluto e iniciou terapias medicamentosas. Atualizações médicas informaram que sua febre cedeu e que seu estado era considerado estável. A saúde do líder católico tem sido motivo de atenção nos últimos anos. Francisco já enfrentou casos graves de infecção pulmonar e teve parte de um pulmão removida na juventude. Mesmo com sua saúde fragilizada, ele mantém um ritmo intenso de trabalho, o que preocupa médicos e assessores. Em 2023, o pontífice foi hospitalizado devido a um grave caso de pneumonia, mas recebeu alta após três dias. Na época, ele revelou posteriormente que precisou ser internado às pressas devido a fortes dores no peito e fraqueza. Agora, com um quadro de infecção mais complexo, a expectativa é que o Papa permaneça sob cuidados médicos rigorosos, enquanto fiéis e religiosos em todo o mundo acompanham sua recuperação com apreensão.
Decisão do STF Aprofunda a Vulnerabilidade dos Trabalhadores Terceirizados no Setor Público
Imagem: Redes Sociais A recente decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), que isenta os governos federal, estadual e municipal da responsabilidade pelo pagamento de direitos trabalhistas em casos de inadimplência de empresas terceirizadas, gerou grande preocupação entre especialistas e representantes dos trabalhadores. A medida, que tem repercussão geral, pode agravar ainda mais a precarização das relações de trabalho e deixar milhões de terceirizados em situação de vulnerabilidade. O Caso Julgado e Seus Impactos O julgamento foi motivado por uma ação do governo de São Paulo, que buscava se eximir do pagamento de direitos trabalhistas de um funcionário terceirizado do setor de limpeza. A empresa contratada pelo governo não quitou salários, verbas rescisórias e FGTS, e a Justiça havia determinado que a administração pública deveria assumir essa responsabilidade. Com a nova decisão do STF, no entanto, os entes públicos não precisam mais garantir esses pagamentos, mesmo quando a terceirizada falha. A decisão abre um precedente preocupante, pois reforça a falta de fiscalização sobre empresas terceirizadas e deixa os trabalhadores sem respaldo. Na prática, significa que governos podem contratar prestadoras de serviço sem a obrigação de garantir que seus funcionários sejam pagos corretamente, permitindo que empresários descumpram a legislação trabalhista sem consequências diretas para os contratantes. Terceirização e a Precarização do Trabalho Nos últimos anos, o STF tem tomado decisões que flexibilizam as relações de trabalho, como a liberação da terceirização irrestrita e a permissão para a demissão de servidores públicos sem justa causa. Essas medidas, somadas à reforma trabalhista de 2017 — que reduziu garantias da CLT — têm ampliado a instabilidade no mercado de trabalho, principalmente para trabalhadores terceirizados, que já enfrentam condições mais precárias e menor estabilidade. A decisão também favorece a lógica de desresponsabilização dos governos, permitindo que gestores públicos terceirizem serviços essenciais sem a obrigação de fiscalizar ou garantir os direitos básicos dos trabalhadores contratados. Esse cenário representa uma falsa economia, já que a precarização das condições de trabalho pode levar a um serviço público de menor qualidade, afetando diretamente a população. Reação dos Trabalhadores e o Papel das Entidades Sindicais Diante desse novo golpe contra os trabalhadores terceirizados, há uma cobrança para que sindicatos e centrais sindicais intensifiquem a mobilização contra essa decisão e pressionem por uma legislação que proteja os direitos dos terceirizados. Para muitos, a inércia de algumas entidades sindicais fortalece a postura de desmonte dos direitos trabalhistas. Ao mesmo tempo, cresce a necessidade de um debate mais amplo sobre a terceirização no setor público, buscando garantir que os trabalhadores que prestam serviços essenciais não fiquem desamparados em caso de irregularidades por parte das empresas contratadas. Com essa decisão do STF, o desafio para os trabalhadores terceirizados se torna ainda maior. Agora, mais do que nunca, a luta por segurança jurídica e garantias trabalhistas se torna essencial para evitar que essa precarização se agrave ainda mais no Brasil.
Falta de Água e Qualidade Ruim no Abastecimento Afetam Moradores de Camaçari
Moradores de diversos bairros de Camaçari, na Região Metropolitana de Salvador, têm enfrentado sérios problemas no abastecimento de água, com longos períodos de interrupção e reclamações sobre a qualidade da água fornecida. A situação tem gerado transtornos e indignação entre a população, que cobra uma solução das autoridades e da empresa responsável pelo serviço. Bairros Sem Água Nos últimos dias, bairros como Mangueiral e Jardim Limoeiro registraram interrupções frequentes no fornecimento de água, deixando centenas de famílias sem acesso ao serviço essencial. Em algumas localidades, a população relata que a água chega às torneiras por poucas horas e com baixa pressão, dificultando o armazenamento. “Estamos há mais de três dias sem água, sem explicação clara. Não conseguimos nem lavar roupas ou cozinhar direito. É um descaso total”, reclama Carlos Silva, morador do bairro do Jardim Limoeiro. A Embasa (Empresa Baiana de Águas e Saneamento), responsável pelo abastecimento, informou que as falhas no fornecimento se devem a problemas operacionais na rede de distribuição e ao alto consumo em períodos de calor intenso. No entanto, os moradores argumentam que as interrupções são recorrentes e, muitas vezes, ocorrem sem aviso prévio. Qualidade da Água Também Preocupa Além da falta de água, os moradores relatam problemas na qualidade do abastecimento. Em algumas regiões, a água chega com coloração amarelada e odor forte, levantando preocupações sobre possíveis contaminações. A dona de casa Maria dos Santos, relata que tem evitado usar a água fornecida pela rede pública para consumo. “A água tem chegado suja, com gosto estranho. Tenho comprado galões para beber e cozinhar, mas nem todo mundo pode pagar por isso. Já tem uma semana que a água sai suja da torneira”, afirma. Em resposta, a Embasa informou que realiza periodicamente testes de qualidade e que eventuais alterações na cor e odor da água podem ocorrer devido a obras na tubulação ou aumento da pressão no sistema. No entanto, especialistas alertam que problemas constantes na qualidade da água podem indicar falta de manutenção adequada na rede de distribuição. Moradores Cobram Solução Diante dos problemas, a população tem se mobilizado por meio das redes sociais e até com protestos em algumas localidades, exigindo transparência e soluções urgentes para o abastecimento. Muitos também pedem uma fiscalização mais rigorosa dos órgãos competentes para garantir a qualidade da água consumida. E agora? A recomendação de especialistas é que os moradores que perceberem alterações na cor, odor ou gosto da água comuniquem imediatamente à Embasa e evitem o consumo sem antes realizar filtragem ou fervura. Além disso, aqueles que se sentirem prejudicados podem registrar reclamações em órgãos de defesa do consumidor, como o Procon, ou acionar o Ministério Público para exigir providências.
Pesquisa Atlas: Brasileiros Rejeitam Mudança na Ficha Limpa e se Dividem Sobre Anistia a Golpistas
Uma pesquisa da AtlasIntel, divulgada neste domingo (16), revela que a maioria da população é contrária a mudanças na Lei da Ficha Limpa, enquanto a opinião sobre a anistia aos envolvidos nos atos de 8 de janeiro de 2023 está dividida. Os dois temas estão no centro das discussões do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no Congresso Nacional. Segundo o levantamento, 83% dos entrevistados se opõem à redução do prazo de inelegibilidade para políticos condenados pela Ficha Limpa, enquanto apenas 14% apoiam a mudança. Já a questão da anistia aos golpistas divide a população: 51% são favoráveis e 49% contrários, um empate técnico dentro da margem de erro. Detalhes da Pesquisa O estudo foi realizado para o programa GPS CNN e ouviu 817 pessoas, recrutadas de forma aleatória pela internet entre os dias 11 e 13 de fevereiro. A margem de erro é de três pontos percentuais para mais ou para menos, com um nível de confiança de 95%. Entre os grupos que mais apoiam a anistia estão: Por outro lado, os eleitores de Lula demonstram forte rejeição à proposta, com 96% contra a anistia. Opinião Sobre a Ficha Limpa A resistência a mudanças na Lei da Ficha Limpa também apresenta divisões políticas: Atualmente, Bolsonaro está inelegível até 2030 devido a duas condenações do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Como estratégia para tentar voltar à disputa presidencial em 2026, o ex-presidente defende o fim da Lei da Ficha Limpa. Em vídeo divulgado nas redes sociais, Bolsonaro chegou a afirmar que quer “acabar” com a Ficha Limpa. Entretanto, dados do TSE contradizem a tese de que a lei seria usada contra ele e seu grupo político. Na última eleição municipal, por exemplo, os partidos PL (de Bolsonaro) e PT (de Lula) tiveram um número semelhante de candidatos barrados, mesmo com o PL tendo lançado mais concorrentes. Para tentar viabilizar uma reabilitação política de Bolsonaro, a bancada bolsonarista na Câmara dos Deputados apoia um Projeto de Lei do deputado Bibo Nunes (PL-RS) que reduziria de oito para dois anos o período de inelegibilidade de políticos condenados. No entanto, especialistas apontam que qualquer mudança ainda dependeria da análise do TSE e do Supremo Tribunal Federal (STF). Outras Propostas em Debate A pesquisa também mediu a percepção dos brasileiros sobre outros temas em tramitação no Congresso Nacional. Os dados mostram que: A pesquisa revela um cenário de grande polarização política no Brasil, especialmente em temas que podem afetar diretamente a elegibilidade de Bolsonaro e o futuro dos envolvidos nos atos de 8 de janeiro.
Caixa libera abono do PIS/Pasep para nascidos em janeiro
Cerca de 1,8 milhão de trabalhadores com carteira assinada nascidos em janeiro podem sacar, a partir desta segunda-feira (17), o valor do abono salarial do Programa de Integração Social (PIS) e do Programa de Formação do Patrimônio do Servidor Público (Pasep) em 2025 (ano-base 2023). A quantia está disponível no aplicativo da Carteira de Trabalho Digital e no Portal Gov.br. Ao todo, a Caixa Econômica Federal vai liberar R$ 2,1 bilhões neste mês. Aprovado no fim do ano passado, o calendário de liberações segue o mês de nascimento do trabalhador. Os pagamentos ocorrem de 17 de fevereiro a 15 de agosto. Neste ano, R$ 30,7 bilhões poderão ser sacados. Segundo o Conselho Deliberativo do Fundo de Amparo ao Trabalhador (Codefat), o abono salarial de 2025 será pago a 25,8 milhões de trabalhadores em todo o país. Desse total, cerca de 22 milhões que trabalham na iniciativa privada receberão o PIS e 3,8 milhões de servidores públicos, empregados de estatais e militares têm direito ao Pasep. O PIS é pago pela Caixa Econômica Federal e o Pasep, pelo Banco do Brasil. Como ocorre tradicionalmente, os pagamentos serão divididos em seis lotes, baseados no mês de nascimento. O saque começará nas datas de liberação dos lotes e acabará em 29 de dezembro de 2025. Após esse prazo, será necessário aguardar convocação especial do Ministério do Trabalho. Quem tem direitoTem direito ao benefício o trabalhador inscrito no PIS/Pasep há pelo menos cinco anos e que tenha trabalhado formalmente por, no mínimo, 30 dias no ano-base considerado para a apuração, com remuneração mensal média de até dois salários mínimos. Também é necessário que os dados tenham sido informados corretamente pelo empregador na Relação Anual de Informações Sociais (Rais). O valor do abono é proporcional ao período em que o empregado trabalhou com carteira assinada em 2023. Cada mês trabalhado equivale a um benefício de R$ 126,50, com períodos iguais ou superiores a 15 dias contados como mês cheio. Quem trabalhou 12 meses com carteira assinada receberá o salário mínimo cheio, de R$ 1.518. PagamentoTrabalhadores da iniciativa privada com conta corrente ou poupança na Caixa receberão o crédito automaticamente no banco, de acordo com o mês de seu nascimento. Os demais beneficiários receberão os valores por meio da poupança social digital, que pode ser movimentada pelo aplicativo Caixa Tem. Caso não seja possível a abertura da conta digital, o saque poderá ser feito com o Cartão do Cidadão e senha nos terminais de autoatendimento, unidades lotéricas, Caixa Aqui ou agências, também de acordo com o calendário de pagamento escalonado por mês de nascimento. O pagamento do abono do Pasep ocorre por meio de crédito em conta para quem é correntista ou tem poupança no Banco do Brasil. O trabalhador que não é correntista do BB pode fazer a transferência por TED para conta de sua titularidade em terminais de autoatendimento, no portal www.bb.com.br/pasep ou no guichê de caixa das agências, mediante apresentação de documento oficial de identidade. Até 2020, o abono salarial do ano anterior era pago de julho do ano corrente a junho do ano seguinte. No início de 2021, o Codefat atendeu recomendação da Controladoria-Geral da União (CGU) e passou a depositar o dinheiro somente dois anos após o trabalho com carteira assinada. Wellton Máximo/Agência Brasil
Brasileira Assume Liderança da Transparência Internacional e Critica Visão Simplista Sobre Corrupção
Imagem: Folha A advogada Maíra Martini, 41, natural de Mogi-Guaçu (SP), assumiu neste mês o cargo de CEO da Transparência Internacional, principal organização global no combate à corrupção. Com sede em Berlim e atuação em mais de 100 países, a entidade busca fortalecer mecanismos de integridade e transparência. Em entrevista à Folha, Martini destacou a necessidade de mudar a forma como o tema da corrupção é debatido. Segundo ela, há uma tendência de se focar apenas na punição, ignorando a importância de medidas preventivas. “Não queremos discutir corrupção apenas depois que ela já aconteceu. O foco deve estar na prevenção e na criação de mecanismos eficazes de detecção”, afirmou. Cenário Global e Desafios A nova líder da Transparência Internacional assume o cargo em meio a desafios financeiros, incluindo o corte de recursos da Usaid (Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional) pelo governo Donald Trump, o que impacta o financiamento da organização em vários países. Além disso, o recente ranking global de percepção da corrupção, divulgado pela ONG, colocou o Brasil na 107ª posição entre 180 países, a pior marca da série histórica. O resultado gerou reações do governo brasileiro. O ministro da Controladoria-Geral da União (CGU), Vinicius Marques de Carvalho, chegou a classificar a metodologia do levantamento como “conversa de boteco”. Combate à Corrupção: Prevenção e Transparência Para Maíra Martini, o combate à corrupção não deve se limitar ao endurecimento de penas, mas sim abranger um conjunto de medidas que incluem: Ela também alerta para o uso da “narrativa anticorrupção” por governos populistas que, ao assumir o poder, acabam minando a independência das instituições e da imprensa. O Avanço do Crime Organizado A nova CEO também chama atenção para a influência do crime organizado no funcionamento do Estado, destacando que, em diversos países, redes criminosas conseguem capturar instituições públicas. “Os mecanismos usados por criminosos para lavar dinheiro e ocultar recursos são os mesmos utilizados em esquemas de corrupção”, explica. Ela cita como exemplos empresas de fachada, escritórios de advocacia e bancos que facilitam o fluxo de dinheiro ilícito. Martini também ressalta que a falta de efetividade do Judiciário aumenta a impunidade, estimulando novos casos de corrupção. “Quando a Justiça falha, o risco para quem decide entrar em esquemas ilícitos é reduzido, o que incentiva ainda mais esse tipo de prática”, afirma. Oportunidades Perdidas pelo Brasil A Transparência Internacional cobrou um posicionamento mais firme do Brasil no debate global sobre corrupção. Durante o G20 no Rio de Janeiro, a entidade realizou um protesto pedindo que o tema fosse incluído na agenda dos líderes mundiais, o que não aconteceu. “Se o Brasil não colocar integridade e transparência na pauta da COP30, corremos o risco de ver os compromissos ambientais serem esvaziados, como aconteceu nas duas últimas conferências, dominadas por interesses da indústria petrolífera”, alerta. Lava Jato e o Impacto da Decisão do STF A executiva criticou a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de anular provas da delação da Odebrecht, utilizadas em processos da Operação Lava Jato. Segundo Martini, o impacto dessa decisão ultrapassa as fronteiras do Brasil. “Líderes corruptos em outros países já estão se aproveitando dessa anulação para tentar invalidar processos contra eles”, afirma. O acordo da empreiteira, firmado em 2016 com autoridades do Brasil, Suíça e Estados Unidos, revelou esquemas de corrupção em 12 países. Agora, réus no Peru e Equador usam a decisão brasileira como argumento para cancelar suas condenações. “O mais absurdo é que muitos dos envolvidos confessaram seus crimes. Agora, correm o risco de sair impunes”, critica Martini. Atritos com o STF A Transparência Internacional também se tornou alvo de questionamentos no Brasil. Em 2024, o ministro Dias Toffoli determinou uma investigação sobre a participação da ONG em um acordo de leniência do grupo J&F. A organização nega qualquer envolvimento na gestão de recursos do acordo e vê a ação como retaliação. “É extremamente preocupante quando um ministro do STF toma uma decisão monocrática baseada em informações falsas, já desmentidas diversas vezes”, afirma Martini. A Procuradoria-Geral da República já recomendou o arquivamento da investigação. Trajetória de Maíra Martini Formada em Direito e Relações Internacionais pela PUC-SP, Martini tem mestrado em Políticas Públicas pela Hertie School of Governance, na Alemanha. Atua na Transparência Internacional desde 2011 e, a partir de 2024, assume a posição de CEO da organização. Com sua nomeação, a executiva se torna a primeira brasileira a liderar a ONG, enfrentando desafios como a crise de financiamento, a luta contra o crime organizado e o fortalecimento das instituições democráticas no combate à corrupção.
O Que Está Pesando no Orçamento das Famílias Brasileiras?
A alta da inflação e o aumento do custo de vida têm impactado o orçamento das famílias brasileiras, forçando mudanças de hábitos e cortes de gastos. Esse cenário tem levado muitas pessoas a repensarem suas despesas, como por exemplo, repensando sobre reduzir o uso do carro devido ao preço dos combustíveis, pesquisando mais antes de fazer compras e priorizando atividades gratuitas. Essa realidade é compartilhada por muitas famílias no Brasil. A inflação elevada tem corroído a renda disponível, reduzindo o poder de compra e influenciando negativamente a confiança do consumidor. O que pesa mais? Em dezembro de 2024, um levantamento da consultoria Tendências mostrou que os preços dos itens essenciais pesaram mais no bolso em 2024, com uma inflação de 5,8%, superior aos 4,8% do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). O destaque negativo foi a alimentação no domicílio, que subiu 8,2% no ano. “A inflação foi um grande fator de pressão, principalmente nos alimentos e combustíveis, tornando o orçamento das famílias ainda mais apertado”, explica a economista Isabela Tavares, da consultoria Tendências. Perspectivas para 2025 Para este ano, a expectativa é de estabilidade, com uma leve desaceleração na inflação de alimentos, mas ainda com custos elevados em outras áreas. A previsão é que a inflação dos itens essenciais permaneça em 5,8%, mantendo a renda disponível das famílias em um patamar baixo. O Impacto por Classe Social A deterioração do orçamento é ainda mais evidente quando se analisa a renda disponível por classe social. Enquanto brasileiros da classe A (renda domiciliar de R$ 25,2 mil) conseguem manter uma folga de R$ 51,50 a cada R$ 100, os da classe D e E (renda domiciliar de R$ 3,4 mil) têm apenas R$ 20,60 sobrando. “A população de menor renda precisa mudar seus hábitos de consumo e fazer escolhas cada vez mais restritivas para conseguir equilibrar o orçamento”, destaca Anna Carolina Gouveia, pesquisadora do Instituto Brasileiro de Economia da FGV. Juros Altos e Pessimismo Econômico Além da inflação, a alta dos juros tem sido um entrave para o orçamento familiar. Em janeiro, o Comitê de Política Monetária (Copom) elevou a taxa Selic para 13,25%, e há expectativa de novos aumentos em março, podendo encerrar o ano em 15%, segundo o relatório Focus, do Banco Central. “O impacto dos juros elevados se reflete no endividamento e na capacidade de consumo das famílias. Para melhorar a confiança, será necessário um alívio na inflação e um mercado de trabalho mais estável”, conclui Anna Carolina. Com preços pressionando o orçamento e juros altos dificultando o crédito, o cenário para 2025 ainda é de cautela, exigindo das famílias estratégias para equilibrar as contas e manter o essencial dentro do orçamento.